03.Fev.21
Leituras do mês de Janeiro
Durante o mês de Janeiro li estes 5 livros. Com o confinamento dá sempre para ler mais um bocadinho.
- O fantasma dos Canterville (Oscar Wilde): A primeira história publicada por Oscar Wilde leva-nos a um castelo assombrado, adquirido por uma abastada família americana que não acredita no sobrenatural, obrigando o pobre fantasma residente a encetar numa série de estratagemas para assustar os seus novos hóspedes. Nunca o fantástico, o terror e a comédia se combinaram numa trama tão genial, que nos diverte e nos leva a refletir sobre os valores mais elevados da vida. É um livro de fácil leitura e compreensão.
- A cidadela (A. J. Cronin): A história já clássica de A. J. Cronin - ele próprio um médico - de um jovem médico destacado para os vales da região mineira do País de Gales, durante os anos 20.Chocado pelas antiquadas práticas e pelos cuidados médicos inadequados numa área desesperadamente pobre, é frontal nas suas opiniões. Faz inimigos, mas também amigos. Amigos devotados e decididos que o ajudarão quando mais tarde se lhe depara o mundo ganancioso dos «barões» da medicina londrina, com as clínicas privadas e os doentes da alta sociedade, prontos a pagar o que for necessário para se sentirem acalmados quanto aos pesadelos hipocondríacos. É também a história do seu amor e do seu casamento com uma jovem professora de província, do gradual afastamento de ambos e do reencontro - quando ele voltava a assumir os ideais que ela nunca perdera.
- Relato de um náufrago (Gabriel Garcia Márquez): Descreve a experiência de um jovem que, em 1955, caiu ao mar, com outros sete membros da tripulação do contratorpedeiro Caldas da Marinha de Guerra da Colômbia, e que teve a sorte de ser o único sobrevivente.
Embora a história tenha sido escrita por Gabriel García Márquez no seu tempo de jornalista do El Espectador de Bogotá, com material resultante de uma longa entrevista ao sobrevivente, os responsáveis pela publicação decidiram que a história seria narrada na primeira pessoa e assinada pelo náufrago. Foi publicada diariamente, um mês depois dos acontecimentos terem ocorrido, em 14 partes consecutivas. A história teve imenso impacto, não pela sua novidade, uma vez que a notícia fora amplamente coberta pelos media e explorada pelos anunciantes, mas porque, pela primeira vez, se tornou público um relato verdadeiro do que sucedeu.
A história desta experiência incrível é maravilhosamente clara e nítida. Mostra em grande detalhe, mas sem desperdício de tinta, como realmente foram os eventos que levaram à morte sete marinheiros colombianos, e à fama, e, em seguida, ao esquecimento, o único sobrevivente. Neste livro não há nada mágico, é realismo puro. E dá o mesmo prazer.
- As pequenas memórias (José Saramago): É um livro de recordações que abrange o período entre os quatro e os quinze anos da vida de José Saramago: «Queria que os leitores soubessem de onde saiu o homem que sou». É um livro que nos permite conhecer melhor José Saramago.
- Visita Domiciliária - Teoria e Prática (Sarita Amaro): A visita domiciliária é uma técnica que se tem popularizado rapidamente, acompanhando o aprimoramento das políticas sociais e a ação social promovida por organizações governamentais e não governamentais, junto das comunidades.
A visita é legítima e singular por ser uma técnica exclusivamente focada no conhecimento da realidade. O seu saber é forjado a partir da relação do profissional no contexto social, tendo a casa ou domicílio dos sujeitos como cenário. A visita tem o assistente social como seu principal executor. Mas também se tem disseminado na enfermagem, na psicologia social e comunitária, na medicina de família, entre outras áreas.
No cenário académico e universitário, as práticas extensionistas usam-na regularmente. Estes segmentos estão na "lente" da autora e são os principais destinatários desta obra.
Desconstruir o mito de que a visita é uma ação meramente empírica, desprovida de fundamentos, faz parte dos objetivos deste livro. Difundi-la e oferecer subsídios para que o seu desenvolvimento ocorra sobre bases éticas, técnico-científicas e profissionais, também. Composto de reflexões, relatos, e recomendações, todo o livro é um convite à construção da visita domiciliária, tendo por guias a crítica e a teoria da complexidade.
E vocês conseguiram ler muito?